Acessos

quinta-feira, 23 de abril de 2015

HISTÓRIA - Colônia Alemã de Santo Amaro

A partir dos alemães, Santo Amaro passa a ser considerado o “celeiro da capital”, sendo o único município da província a produzir batatas, além de fornecer arroz, feijão, milho e mandioca à São Paulo. Também comercializavam no Mercado de São Paulo gado, aves, mucuta (canela e lenha), madeira e carvão. Eles fundaram vilas (Cipó e Parelheiros) abriram estradas, como a antiga estrada de Parelheiros (atual Av. Sen. Teotônio Vilela e Av. Sadamu Inoue), que liga o Rio Bonito ao município de Embú-Guaçú, e que possibilitou a ocupação do vasto sertão que a cercava, regado por inúmeros cursos d’água e povoado pela imensa Mata Atlântica. Porém, Zenha coloca que devido ao descaso do poder público paulista para com a cultura da Colônia Alemã, pois mais da metade era protestante e não possuíam pastor, eram obrigados a freqüentar a igreja católica de Santo Amaro, fatos que os levaram a reivindicação de um cemitério e de uma igreja. O primeiro foi construído somente em 1840 (foto 9), juntamente com uma capela; a igreja somente foi substituir a capela em 1910, quando já havia a igreja de Parelheiros, desde 1898 (GARANHUNS, 1995). Garanhuns coloca que na região de Parelheiros já havia alguns caboclos antes da vinda dos alemães, e o lugar que recebeu este nome devido à ocorrência de diversas corridas de cavalo (parelhas) entre germânicos e brasílicos, era conhecido como Santa Cruz, devido a existência de uma Cruz no local. Um devoto, chamado Amaro Pontes, cedeu terra para a construção da capela após sua volta da Guerra do Paraguai (1864-1870), como pagamento de promessa. Ainda no século XIX, os alemães povoam as regiões de Gramado, Cipó, Casa Grande e Bororé. Alguns, devido à conhecimentos de ofícios aprendidos na Europa (cirurgiões, sapateiros, ferreiros, etc.), se destacam e vão morar na vila de Santo Amaro ou na capital. Os “colonos que permaneciam nos centros mais povoados conseguem educar seus filhos, fazendo-os aprender a ler e escrever a língua do país. Os da Colônia, entretanto, se viram completamente desprovidos de qualquer auxílio para a educação das crianças (...). As famílias mais cuidadosas procuravam contratar professores” (ZENHA, 1950). Catarina Klein Schunck, que se instalou no atual bairro de São José, com largos tratos de terra e até escravos, manteve um curso de primeiras letras” (ZENHA, 1950, p. 54). Isto evidencia que os alemães acabaram por aderirem a divisão social em que o Brasil imperial passava – o escravismo – relatos de alguns moradores tradicionais da região colocam que haviam negros que trabalhavam para os alemães como escravos, o que levou a alguns alemães a se misturarem com os negros, como é o caso de José Guilger Helfstein, agricultor, nascido na região do Bororé, descendente de alemães, e casado com uma senhora negra, dona Maria da Silva Helfstein. Porém a perda cultural foi inevitável, olvidaram práticas agrícolas relativamente adiantadas como o uso do arado, o sistema de alqueire, etc. “Esparramados por uma vasta zona, sitiados por famílias brasileiras, em pouco tempo nêles se processava a perda dos caracteres trazidos” (ZENHA, op. cit., p. 56). Mesmo assim, a região apresentou um espírito mais empreendedor, pois os alemães estavam prontos a aderirem ao progresso, e foram os primeiros a proverem-se de luz elétrica, primeiros motoristas de Santo Amaro, abertura de estradas, como a de Parelheiros aberta por Henrique Schunck em meados do século XIX. A presença primitiva de alemães na região de Santo Amaro, levou outros imigrantes que chegariam ao Brasil no final do século XIX e início do XX, a escolherem esse sítio como morada. Os portugueses montavam granjas de aves e gado; espanhóis (Catalunha) comercializavam roupas femininas; árabes, turcos e judeus, tecidos; russos, húngaros e ingleses eram operários, comerciários e bancários; estadunidenses e alemães para os altos cargos de chefia nas indústrias; japoneses (principalmente depois de 1945) eram agricultores de hortifrutigranjeiros (cinturão verde) onde seus filhos se tornariam profissionais liberais (médicos, dentistas, farmacêuticos, etc.); além dos italianos que marcaram profundamente a cultura paulistana. Na Revolução Constitucionalista, foi escalado um destacamento santamarense, e segundo um antigo casal de moradores da região do Bororé, José Antônio Domingues, nascido em 1916 e Amália Guilger Domingues, de 1921, 11. Templo Budista. Colonização extremo-oriental. Cabeceira do ribeirão Cocaia. diversas pessoas “fugiam” do alistamento e se escondiam nas matas existentes no local. Ele (seu José) tem avó alemã e avô índio, o que demonstra a miscigenação dos alemães com os nativos; ela é descendente de alemães. Com a Segunda Grande Guerra a Colônia Alemã foi obrigada a mudar seu nome para Colônia Paulista.